A Rede na Assembleia da República

No dia 10 de Fevereiro de 2016 a Rede Educação Viva teve uma Audiência na Comissão Parlamentar de Educação e Ciência. Aguardamos notícias.

"Boa tarde Senhores Deputados e Senhoras Deputadas.
Boa tarde Senhora Deputada Virgínia Pereira, que muito nos honra a condução desta audiência.
Gostaríamos em primeiro lugar de manifestar os nossos mais profundos e sinceros agradecimentos pela oportunidade de estarmos hoje a partilhar um movimento que se encontra em crescimento em Portugal, a um nível não expectável mas desejável.
Um movimento que teve início em 2013, na sociedade civil, que agrega, mães e pais, professores, educadores e todos os interessados que manifestam uma clara vontade de ação, num inovar e colocar Portugal num dos países da vanguarda educativa, em benefício de todas as crianças, jovens e adultos do nosso país.
Eu, Filipe Jeremias, Maria Teresa Mendes e Sofia Gallis, aqui presentes, representamos, se assim podemos dizer, este movimento, uma rede nacional com ligações internacionais.
A Rede, atualmente, está organizada estruturalmente por 16 núcleos em todas as regiões do país, incluindo núcleos nos Açores e na Madeira. É um movimento orgânico apartidário, que cresce todos os dias, numa organização social horizontal, não hierarquizada, em que a direção é constituída por todos aqueles que formam os vários núcleos nacionais, assumindo a autonomia e a responsabilidade necessária de gestão e mobilização territorial.
E porque quase tudo tem um nome, a esta rede chamamos-lhe Rede Educação Viva.
Consideramo-nos uma Rede Social de Pessoas, grupos e projetos inovadores que se identificam com uma educação viva. Diga-se que se entende por educação viva, uma educação integral e participativa, verdadeiramente democrática, respeitando a natureza única de cada pessoa, protegendo e ampliando o seu potencial.
Esta rede é mais que a sua definição morfológica. É muito mais do que nome comum feminino. São múltiplas as aplicações desta palavra dentro de um contexto de aprendizagem. O termo genérico “rede”, define um conjunto de entidades (pessoas, projetos), interligadas umas com as outras. Tem um propósito claro, unir este conjunto de pessoas, partilhar entre si e com outros as suas experiências e princípios, construir uma base de apoio, de suporte em situações de grandes desafios, motivando também e inspirando pela ação, demonstrando que é possível inovar e criar. Sobretudo proporcionar e garantir que as crianças, jovens e adultos, sejam verdadeiramente mais sábios e felizes. Isso sim, são os propósitos de uma educação, que se quer viva.
O desenvolvimento deste trabalho, juntamente com outros já realizados e ainda por realizar, possibilitam, inevitavelmente, inovação num país que todos acreditamos ser de excelência em todo o mundo.
Acreditamos igualmente que não existe apenas um caminho para a ação. O processo para alcançar esta finalidade é diversificado, porque cada projeto, cada escola, cada comunidade, cada pessoa é única e diferente. O elo é comum mas os contextos, as motivações podem ser diferentes e as necessidades são imensas, e como tal acreditamos que a ação na pluralidade, feita por cada pessoa, em conjunto, trás consigo avanço e crescimento. Necessidade de liberdade de escolha, é o que defendemos, dando resposta efetiva à nossa Constituição.
Na prática o que fazemos?
Numa definição unilateral, apenas, unimos, partilhamos, inovamos e apoiamos.
O conjunto de pessoas da rede é que dão plasticidade a este movimento, pois “respondem às necessidades resultantes da realidade social, contribuindo para o desenvolvimento pleno e harmonioso da personalidade dos indivíduos, incentivando a formação de cidadãos livres, responsáveis, autónomos e solidários e valorizando a dimensão humana do trabalho.”
Os projetos da rede “promovem o desenvolvimento do espírito democrático e pluralista, respeitador dos outros e das suas ideias, aberto ao diálogo e à livre troca de opiniões, formando cidadãos capazes de julgarem com espírito crítico e criativo o meio social em que se integram e de se empenharem na sua transformação progressiva.”
Estes são os artigos da Lei de Bases do Sistema Educativo, os quais subscrevemos inteiramente e colocamos em prática.
Os projetos são constituídos por pessoas, que no sistema de ensino público, privado, associativo e familiar desenvolvem reconfigurações das suas práticas pedagógicas sobre as mais diversas metodologias de aprendizagem.
São pessoas que olham para as crianças e jovens como seres únicos e irrepetíveis, proporcionando-lhes as mais diversas condições e ferramentas para uma aprendizagem de acordo com as suas necessidades, de um modo integral e personalizado.
São pessoas responsáveis que utilizam dispositivos de aprendizagem em coerência, fazendo prevalecer critérios de natureza pedagógica e científica sobre critérios de natureza administrativa (fazendo cumprir a lei de bases do sistema educativo, como um todo, a partir do artigo 48º no ponto 3).
São professores, orientadores, equipas com flexibilidade para gerir o programa curricular, os tempos, os modos e os processos de aprendizagem em plena autonomia.
São pessoas da sociedade civil, comunidades inteiras que se juntam ordenadamente, porque acreditam ser possível co-criar na educação, co-criar novos modelos de aprendizagem, agindo num desenvolvimento positivo do modelo-escola quer seja de iniciativa pública, privada ou associativa.
São crianças e jovens com voz ativa, que fazem a gestão participativa dos seus projetos de aprendizagem e com a comunidade de aprendizagem, numa verdadeira prática de empreendedorismo e cidadania.
Porque consideramos que no domínio da educação e da qualificação de um país devemos ter a capacidade de construir convergências a longo prazo, sem eliminar as nossas diferenças e divergências, sabemos que é essencial focarmo-nos na prática do conhecimento e no aprofundar dos problemas, solucionando-os, tendo a capacidade de perceber qual é a essência que nos une a todos. Por isso, independentemente de todos os projetos e pessoas que constituem esta rede, serem diferentes, o que nos move é a nossa essência humana, a nossa vocação, a nossa missão.
Nestes projetos constatamos que as pessoas estão a trabalhar na realidade social de hoje, porque seria demagogia acreditar que as respostas que a sociedade do século XXI apresenta, são as mesmas do que a sociedade do século XX ou do século XIX nos pediam.
Os tempos são outros. Basta parar e observar o mundo à nossa volta.
Estamos com crianças e jovens que nasceram em pleno século XXI, com professores e educadores do século XX, em muitos casos orientados por um modelo epistemológico do século XIX.
Nada há de errado nisto. Apenas nos devemos questionar e perceber quais são os desafios, para que depois de avaliados, possamos intervir de forma a ajudar uma natural evolução do processo de crescimento do nosso país.
Atualmente esta Rede, promove e participa em encontros de educação, foruns de inovação a nível nacional, contribuindo também com ações de formação.
Trabalha em parceria com grupos de trabalho de outros países, nomeadamente, países da América Latina e tem ligações com outras redes internacionais.
Sustenta que todos os projetos façam a ligação entre a escola e a comunidade, entre as entidades públicas locais e agora nacionais, e as Universidades.
Promove estudos de investigação, junto das Universidades e Institutos, que ajudem a avaliar todo o trabalho desenvolvido.
Este movimento encontra-se num elevado crescimento sustentado e, nesse sentido, no curto prazo avançaremos com a criação de uma entidade representativa dos vários projetos.
Em termos sociais qual é o impacto que a atual educação está a ter nas futuras gerações?
Temos noção que os excelentíssimos senhores deputados trabalham neste sentido, mas as mudanças estruturais da “gramática da escola” são reduzidas e lentas ou descontinuadas.
Acreditamos que a crítica ou julgamento não será o caminho.
Por isso, temos propostas objetivas.
Vamos continuar o caminho que temos pela frente, mas juntando o poder público representativo em Rede, a própria Rede será ampliada e o trabalho tornar-se-á mais sólido e eficaz a longo prazo.
Queremos verificar se existem grupos de trabalho a desenvolver a inovação da educação em Portugal e mostrar a nossa total disponibilidade para integrar esses grupos e colaborar ativamente.
Estamos disponíveis para ser escutados em futuras tomadas de decisão no âmbito da educação.
Queremos fazer uma chamada pública para projetos de inovação do ministério da educação, de forma a criar indicadores de boas práticas e qualidade educativa em Portugal, reconhecendo os mais diversos projetos inovadores já em funcionamento, e abrindo portas a projetos-piloto de inovação dentro da escola pública, contribuindo para uma melhoria sistémica da escola.
Queremos igualmente abrir o debate e a discussão pública das propostas.
Queremos apresentar à sociedade, mais possibilidades para além do já instituído.
Acreditamos que estamos junto a pessoas sensíveis nestas áreas, como tal, também vos desafiamos e perguntamos.
Sabendo agora da nossa existência, de que forma é que cada um de vós, é que cada partido, pensa que poderia colaborar com a Rede? E de que forma poderíamos colaborar com as entidades parlamentares representadas e contribuirmos com propostas concretas ao Ministro de Educação e à sua equipa de trabalho?
Deixamo-vos o desafio, estando agora disponíveis para os devidos esclarecimentos."

 

 

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